Dia dos Namorados: setores do comércio esperam alta nas vendas e movimento bilionário

Dia dos Namorados: setores do comércio esperam alta nas vendas e movimento bilionário

O Dia dos Namorados no Brasil, celebrado na véspera do Dia de Santo Antônio, é uma data que não apenas celebra o amor, mas também tem uma forte relação com o comércio. Tudo começou em 1948, quando o publicitário João Agripino Dória lançou a primeira campanha de Dia dos Namorados, visando aquecer o comércio em um período tradicionalmente fraco para o varejo.

A Evolução de uma Estratégia Comercial

Quase 80 anos depois, essa campanha é considerada um “caso de sucesso”, conforme avalia o economista Ricardo Macedo. Ele explica que, tradicionalmente, as famílias diminuem o ritmo de gastos durante as férias escolares de julho, tornando junho um mês crucial para impulsionar as vendas. A data se tornou uma das três principais do ano para o comércio, ao lado do Natal e do Dia das Mães.

Impacto no Comércio

Segundo a empresa de análise de dados Neotrust, há um aumento notável nas compras durante as duas semanas que antecedem o Dia dos Namorados. Comparando com as semanas anteriores, o faturamento do e-commerce brasileiro aumentou 8,4%, representando um acréscimo de R$ 834,4 milhões.

Expectativas de Vendas para 2024

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê um aumento de 5,6% no volume de vendas no varejo brasileiro, totalizando R$ 2,59 bilhões. Os shoppings, em particular, esperam um crescimento de 4,2%, com um faturamento estimado de R$ 4,4 bilhões entre 6 e 12 de junho. Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), 81% dos shoppings estão otimistas com a data.

Crescimento do Comércio Eletrônico

O setor de comércio eletrônico também tem motivos para comemorar. A Neotrust destaca que o e-commerce registrou um crescimento de 12,7% no primeiro trimestre de 2024, a maior alta em um ano. A expectativa é que o setor fature R$ 7,08 bilhões no Dia dos Namorados, enquanto a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) projeta um faturamento ainda maior, de R$ 7,5 bilhões.

Condições Macroeconômicas Favoráveis

José Roberto Tadros, presidente da CNC, aponta que o crescimento nas vendas reflete uma melhora nas condições de crédito e na confiança do consumidor, apesar dos desafios macroeconômicos. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP) estima que cerca de 446 mil pequenos negócios serão beneficiados, incluindo 384 mil Microempreendedores Individuais (MEIs) e 62 mil micro e pequenas empresas.

Mudanças nos Hábitos de Consumo

O comércio eletrônico tem ganhado força devido às mudanças nos hábitos de consumo. Marcelo Reis, CEO da Consultoria MR16, observa que os consumidores frequentemente visitam lojas físicas para ver e experimentar produtos, mas preferem comprar online para encontrar melhores preços. Fernando Gambôa, analista de consumo e varejo da KPMG, acrescenta que os consumidores estão sempre em busca de promoções, e o ambiente virtual facilita essa comparação de preços.

Dados de Consumo e Expectativas

Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Offerwise indica que cerca de 99,7 milhões de brasileiros pretendem comprar presentes online. No entanto, Marcelo Reis ressalta que o varejo físico ainda tem relevância, especialmente para os compradores de última hora.

Condições Econômicas

A CNC relaciona a força das vendas à expansão do mercado de trabalho e à redução das taxas de juros de crédito. Em março, o Banco Central relatou que a taxa média de juros para pessoas físicas caiu para 32,9%, uma redução de 4 pontos percentuais em doze meses. Em abril, o Brasil registrou 240.033 novas vagas de emprego formal, um recorde para o mês, e o desemprego caiu para 7,5%, o menor nível em uma década.

Gastos e Presentes

A expectativa média é que cada consumidor gaste cerca de R$ 360 no Dia dos Namorados. Os presentes mais populares incluem calçados e acessórios, vestuário, eletroeletrônicos, produtos de moda, beleza e saúde, além de doces. Apesar do otimismo, Reis alerta que o endividamento das famílias pode levar muitos a optarem por lembrancinhas mais econômicas.

“Vivemos um momento em que muitas pessoas estão endividadas e os preços estão elevados. Isso faz com que os consumidores procurem opções mais acessíveis para não comprometer suas finanças”, conclui Reis. O Dia dos Namorados no Brasil não é apenas uma celebração do amor, mas também um motor crucial para o comércio, refletindo mudanças sociais e econômicas ao longo das décadas.

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