Inadimplência cresce no Brasil: um desafio para famílias e poder público

Inadimplência cresce no Brasil: um desafio para famílias e poder público

Em março de 2024, o número de brasileiros inadimplentes registrou um aumento em comparação ao mesmo período do ano anterior, atingindo a marca de 67,18 milhões de pessoas, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF). O indicador elaborado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revela que quatro em cada dez adultos no país (40,89%) estavam com pendências financeiras, refletindo um crescimento de 2,67% em relação ao mesmo período de 2023.

Com base nos dados abrangentes que cobrem capitais, interior de todos os estados brasileiros e o Distrito Federal, a CNDL e o SPC Brasil destacam que o aumento anual observado em março deste ano foi menor em comparação ao mês anterior. A transição de fevereiro para março de 2024 viu um acréscimo de 0,89% no número de devedores. José César da Costa, presidente da CNDL, ressalta que desde o período da pandemia, as famílias acumularam dívidas significativas, alcançando patamares desafiadores para liquidação. “Muitas famílias estão em processo de reequilíbrio, com a volta ao emprego formal, porém com renda reduzida e diversas contas pendentes”, destaca.

O crescimento anual do indicador concentrou-se principalmente no aumento das inclusões de devedores com histórico de inadimplência entre 1 e 3 anos, que registraram uma elevação de 18,68%. A faixa etária mais afetada foi a de 30 a 39 anos, respondendo por 23,59% dos devedores, totalizando 16,57 milhões de pessoas nessa situação, o que representa quase metade (48,67%) dos adultos dessa faixa etária no país.

Em média, cada consumidor inadimplente devia aproximadamente R$ 4.397,99, distribuídos entre suas várias dívidas com 2,10 empresas credoras. A maioria das dívidas (30,92%) estava na faixa de até R$ 500, e cerca de 44,94% das dívidas eram de até R$ 1.000.

No que diz respeito ao número de dívidas em atraso, houve um aumento de 4,91% em março de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, mostrando uma desaceleração em comparação ao mês anterior. As dívidas com o setor de Água e Luz tiveram a maior elevação (10,85%), seguidas pelas dívidas com Bancos (5,51%). Por outro lado, houve quedas nas dívidas com os setores de Comunicação (-8,78%) e Comércio (-2,13%).

Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil, enfatiza que, embora o contexto macroeconômico do país mostre sinais de recuperação, os benefícios não são imediatamente perceptíveis para os consumidores. “O início do ano é tradicionalmente um período de gastos extras, o que torna ainda mais desafiador para as famílias separarem recursos para quitar as dívidas em atraso”, observa. Ele destaca que há uma tendência de melhora na inadimplência, embora o processo deva ser gradual e irregular, com possíveis altas ao longo do caminho.

Em termos de participação, o setor de Bancos lidera o ranking de credores, detendo 64,40% do total das dívidas, seguido por Água e Luz (11,45%), Comércio (10,77%) e outros setores (7,26%).

Regionalmente, a região Sudeste teve o maior aumento no número de dívidas (5,54%), seguida pelo Centro-Oeste (4,80%), Nordeste (4,60%), Norte (2,01%) e Sul (0,78%). Esses números refletem a realidade de que cada devedor pode ter várias dívidas com o mesmo credor, contabilizadas como uma única dívida para fins de análise estatística.

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