Manifestações tomam o país contra o PL do Estupro neste domingo 23-06-2024

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De acordo com o Atlas da Violência, entre 2012 e 2022, 104 mil crianças e adolescentes de 0 a 19 anos foram assassinados no Brasil, sendo que 81,5% desses homicídios foram cometidos com o uso de armas de fogo.

Estatísticas Alarmantes

As armas de fogo estão presentes em 20% dos homicídios de bebês (0 a 4 anos), em 70,2% dos assassinatos de crianças entre 5 e 14 anos, e em 83,8% das mortes de adolescentes de 15 a 19 anos.

Impacto da Liberação de Armas

A facilitação do acesso às armas contribui significativamente para esses números, não apenas por incentivar crimes domésticos e tiroteios, mas também por fornecer armas para delinquentes. Um estudo do Instituto Sou da Paz de 2022 revelou que mais da metade das armas usadas em crimes têm origem legal.

Estatuto do Desarmamento

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) demonstrou que o Estatuto do Desarmamento, em vigor desde 2004 até ser enfraquecido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, evitou cerca de 197 mil mortes em 15 anos. O enfraquecimento desse estatuto foi apoiado por líderes políticos evangélicos, como Silas Malafaia, que inicialmente se opôs à liberação das armas, mas depois mudou sua posição.

Contradições na Defesa da Vida

Essa mudança de postura levanta questionamentos sobre a coerência de políticos que, ao mesmo tempo que defendem a vida, se posicionam a favor da liberação das armas. Exemplos incluem a deputada católica Chris Tonietto e o evangélico Sóstenes Cavalcante, ambos do PL do Rio de Janeiro, que se destacam tanto na defesa contra o aborto legal quanto no apoio à bancada da bala.

Influência de Jair Bolsonaro

Segundo Ronilso Pacheco, teólogo e diretor de programas do Instituto de Estudos da Religião (Iser), a promoção do armamento entre os cristãos, especialmente evangélicos, foi impulsionada por Jair Bolsonaro. Esse movimento foi fortemente influenciado por pastores conservadores americanos e pela NRA (National Rifle Association of America), ganhando força entre protestantes históricos e se estendendo às igrejas pentecostais e neopentecostais no Brasil.

Política e Religião

A jornalista Cecília Oliveira, fundadora do Intercept e do Fogo Cruzado, observa que essa pauta armamentista é mais política do que religiosa, influenciada por ideologias conservadoras que associam armas à proteção familiar. Ela destaca que católicos conservadores também aderiram a essa pauta, como exemplificado pelo ex-deputado Peninha, que propôs a revogação do Estatuto do Desarmamento.

O Papel da Bancada Evangélica

A bancada evangélica no Congresso, composta principalmente por membros de grandes igrejas, muitas vezes aprova projetos que servem a interesses privados, sem considerar o uso político da religião. Ronilso Pacheco aponta que, apesar da retórica pública, muitos fiéis evangélicos podem discordar em privado das posições de suas lideranças.

Conclusão

Para evitar generalizações, é crucial que jornalistas e políticos diferenciem entre os líderes religiosos e seus seguidores. Rotular indiscriminadamente todos os evangélicos como apoiadores da liberação das armas e de projetos prejudiciais às mulheres e crianças contribui para a perpetuação de estereótipos e não reflete a diversidade de opiniões dentro dessas comunidades religiosas.

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