O que esperar das eleições antecipadas na França?
Segundo a visão do ministro, independentemente do resultado do G20 neste ano, a tributação permanecerá na agenda política internacional. “Acredito que essa é uma ideia que veio para ficar, junto com a reforma dos organismos multilaterais e a questão do enfrentamento da dívida dos países pobres. É um conjunto de iniciativas que, na minha opinião, terão que ser debatidas no G20 e em outros fóruns importantes.”
Esse será um dos temas a ser tratado pelo ministro com o papa Francisco, em uma audiência no Vaticano na próxima quinta-feira (6/6). O pontífice é visto pela Fazenda como um “defensor vocal da justiça social e da responsabilidade econômica”, por isso, seu apoio é fundamental para ajudar na divulgação mundial da proposta.
A proposta é a criação de um sistema tributário internacional, com impostos corporativos internacionais de 20% e a constituição de um fundo complementado pela tributação da riqueza dos super-ricos.
Esta ideia foi desenvolvida pelos economistas Gabriel Zucman e a prêmio Nobel de Economia Esther Duflo. O fundo teria US$ 500 bilhões, que seriam destinados a projetos socioambientais, a fim de combater a pobreza e as mudanças climáticas.
Em abril, nos Estados Unidos, o ministro Haddad recebeu o apoio do senador Bernie Sanders, líder da esquerda naquele país. No entanto, o governo americano ainda não se pronunciou publicamente sobre a proposta. Entre as lideranças americanas, há resistência à tributação.
Para que a medida seja efetiva, é necessária ampla adesão, especialmente dos países mais ricos, a fim de evitar a evasão fiscal e aplicar multas e sanções.
Haddad destacou que a proposta afeta cerca de 3 mil pessoas, detentoras de US$ 15 trilhões em patrimônio, em um universo de 8 bilhões de pessoas. “Estamos falando de algo que vai beneficiar bilhões para afetar milhares. Me parece uma proposta decente, do ponto de vista social, econômico e político”, concluiu.
Em janeiro deste ano, um grupo de mais de 250 bilionários e milionários divulgou uma carta exigindo que a elite política global, reunida no Fórum Econômico Mundial de Davos, aumente os impostos sobre suas fortunas para combater as desigualdades e possibilitar melhorias nos serviços públicos em todo o mundo.
Uma pesquisa recente revela que 74% dos super-ricos apoiam pagar mais impostos sobre suas fortunas para ajudar a combater a crise no custo de vida e melhorar os serviços públicos.