UnB concede diploma póstumo a Honestino Guimarães, morto na ditadura

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De militante estudantil a ex-governadora da Cidade do México, Claudia Sheibaum consolidou trajetória que explicou vantagem nas pesquisas e vitória neste domingo

“Eu sou filha de 68”. É assim que Claudia Sheinbaum descreve a si mesma para resumir uma longa trajetória como militante política, atleta e acadêmica, que a fez chegar, hoje, no cargo mais importante do México: a Presidência.

Neste domingo (02/06), o México realizou suas eleições gerais e as pesquisas já mostravam como grande favorita para ser eleita a primeira mulher presidente do país, coroando uma carreira que se iniciou nas assembleias universitárias e levou até o governo da Cidade do México, em um mandato que terminou com altos índices de aprovação.

Esses índices se refletiram nas pesquisas, todas eles apontaram seu triunfo no pleito deste domingo. Sheinbaum foi eleita com 58%, vencendo sua adversária, a direitista Xóchitl Gálvez, que ficou com 28%.

Agora, a nova mandatária mexicana terá como missão dar continuidade ao projeto de transformação iniciado em 2018 por Andrés Manuel López Obrador, atual presidente e líder do partido Movimento de Regeneração Nacional (Morena).

Quem é Claudia Sheinbaum

Nascida na Cidade do México, em 1962, Sheinbaum diz ser filha do movimento estudantil de 1968 porque, apesar de pequena, aprendeu de seus pais, participantes ativos do movimento. Tinha apenas seis anos quando ocorreu o Massacre de Tlatelolco, em 2 de outubro, fruto da repressão militar contra o movimento estudantil promovida sob o governo do Partido Revolucionário Institucional (PRI).

“Nesse movimento, minha mãe participou como professora da escolha Politécnica”, conta a política, no filme biográfico Claudia, el documental (“Claudia, o documentário”). “Foi onde eu cresci, nessa dualidade entre fazer política para transformar o mundo e, em particular, a nossa realidade, nosso país, e ao mesmo tempo estar no âmbito acadêmico, científico”.

Ainda muito jovem, ela apoiou o movimento liderado por Rosario Ibarra de Piedra, mãe de um jovem desaparecido durante a chamada “guerra suja”, no México dos anos 70, quando foi perpetrada uma perseguição contra bases de apoio da guerrilha “Liga 23 de Setembro”, que terminou com pelo menos 600 desaparecimentos forçados pelo Estado.

Também como militante estudantil, Sheinbaum liderou a segunda greve mais importante da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), desde 1988, sendo ela parte do Conselho Estudantil Universitário (CEU). Lutavam por gratuidade e pelo direito à educação. Foi assim que o nome da presidente eleita despontou, pela primeira vez, na mídia mexicana. E foi também nesse âmbito que sua carreira política começou: os membros do CEU integravam o setor juvenil do Partido da Revolução Democrática (PRD), força de esquerda que, neste pleito, integrou a coalizão da candidata de direita Gálvez.

Cientista e política

Desde pequena, Claudia era bailarina, mas, durante a adolescência, teve que escolher entre o balé e a universidade. Escolheu ser física, mas já na UNAM também integrou a equipe de remadores olímpicos da universidade. Graduou-se em física e seguiu uma bem sucedida carreira acadêmica, com pesquisas relacionadas à temática ambiental. Chegou a ser parte do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, por sua sigla em inglês), quando esta entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 2007. Mais tarde, concluiu seu doutorado em Engenharia Energética.

No âmbito político, Sheinbaum sempre esteve próxima ao atual presidente AMLO. Ela o acompanhou na decisão de sair do PRD, partido ao qual ele integrou até 2012, e foi uma das fundadoras do Morena. Hoje, como candidata, prometeu representar uma continuidade em sua futura gestão como presidente. Participou de todas as campanhas de AMLO para o governo da Cidade do México – quando atuou como secretária do Meio Ambiente – e nas três posteriores candidaturas à Presidência, finalmente conquistada em 2018.

Como funcionária de AMLO, ambos foram construindo uma relação de trabalho e confiança, segundo relata a própria Claudia. Assim, também em 2018, a Cidade do México elegeu sua primeira governadora mulher. Sheinbaum deixou o posto em 2023 para lançar sua candidatura à Presidência.

“Que hoje tenhamos uma mulher na presidência do México é uma prova de que o país mudou muito”, relatou, em entrevista à Red Latinoamérica. “Mudou de ser um dos países considerados mais machistas, de histórico de violência contra as mulheres, de ter ditos populares como ‘caladinha você fica mais bonita’. E o México será o primeiro país da América do Norte a ter uma presidente mulher”, ressalta.

Ainda na mesma entrevista, Sheinbaum destaca uma frase escutada de uma eleitora em Oaxaca, durante um comício, que a deixou “arrepiada”.“Ela me disse: ‘você é o sonho não cumprido das nossas avós’”. E completa: “então, eu não chego sozinha aqui, chegamos todas as nossas ancestrais e nossas filhas. E não apenas por ser mulher, mas uma mulher que trabalha para avançar nos direitos do povo e das próprias mulheres”.

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